sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Começa corrida pela fabricação de carne artificial


Carne de laboratório
Um cientista holandês acaba de receber cerca de R$700 mil para fabricar um hambúrguer.
Começa a corrida pela fabricação de carne artificial
Cientistas começam uma corrida para substituir o abate de animais pelo cultivo de carne sintética em laboratório, a partir de células-tronco de animais. [Imagem: BBC]

Poderia parecer uma barbada, não fosse o fato de que isso deverá ser feito sem usar a carne de um animal.
O Dr. Mark Post, da Universidade de Maastricht, é um dos pioneiros em um campo ainda emergente, mas que os especialistas afirmam representar o futuro: a produção de carne artificial, ou carne sintética.
Embora alguns filmes postados na internet, mostrando o abate de animais, estejam fazendo um número cada vez maior de pessoas deixar de consumir carne, o Dr. Post afirma que o problema é mais substantivo.
"O problema básico com a atual produção de carne é que ela é ineficiente," afirma ele.
Fábricas de carne
Em vez de moer a carne de um animal para fazer seu hambúrguer, o Dr. Post está cultivando seus bifes em laboratório, diretamente a partir de células-tronco musculares de animais.
Se ele tiver sucesso, a tecnologia poderá mudar a forma como produzimos alimentos: "Nós queremos transformar a produção de carne, passando das fazendas de criação de gado para um processo fabril," afirma ele.
A ideia original foi do também holandês Willem van Eelen, que perseguiu a ideia por décadas, sem muito sucesso.
Com o advento das pesquisas com células-tronco, contudo, inúmeros grupos de pesquisa ao redor do mundo acreditam que o momento da carne artificial finalmente chegou.
Bifes para astronautas
Em 2002, a NASA financiou o Dr. Morris Benjaminson, da Universidade Touro, em Nova Iorque, para tentar fazer carne de células cultivadas em laboratório para alimentar astronautas.
Ele retirou células musculares de peixinhos dourados e fez com que elas crescessem fora do corpo do animal.
O filé foi marinado e um painel de avaliadores concluiu que ele se parecia e cheirava como um filé de peixe real - mas eles não puderam comê-lo porque as leis sanitárias impedem o consumo de produtos experimentais.
Infelizmente, a NASA encontrou formas mais baratas de alimentar os astronautas e as pesquisas foram interrompidas.
Começa a corrida pela fabricação de carne artificial
Os hambúrgueres de carne sintética já começaram a ser cultivados, mas ainda são duros e sem sabor. [Imagem: BBC]


Frentes de pesquisa
Em 2005, o Dr. van Eelen finalmente convenceu o governo holandês a apostar na fabricação de carne artificial, recebendo um financiamento de quase R$5 milhões.
A equipe atacou várias frentes.
Uma parte da equipe explorou como as células-tronco embrionárias poderiam ser forçadas a se diferenciar em células musculares.
Um segundo grupo começou a investigar como as células musculares poderiam ser induzidas a se tornar maiores.
Um terceiro grupo começou a estudar o meio de cultura ótimo para a criação de carne em laboratório.
Recentemente o dinheiro acabou, e agora as pesquisas continuam em ritmo mais lento, ainda sem frutos definitivos.
Hambúrguer sintético
No início de 2011, um filantropista anônimo procurou o Dr. Post, que já trabalhou com o Dr. van Eelen, e propôs pagar bem por um hambúrguer de carne artificial.
"Será provavelmente o hambúrguer mais caro que já vimos neste planeta," brinca o pesquisador.
Entrando na onda, a ONG PETA (People for the Ethical Treatment of Animal) acaba de anunciar um prêmio de US$1 milhão para a primeira empresa a colocar a carne sintética em pelo menos seis estados norte-americanos até 2016.
Sashimi sintético
Mas a primeira pessoa a comer carne artificial já teve seus cinco minutos de fama: um jornalista de uma TV russa que visitou o laboratório do Dr. Post.
"Ele simplesmente pegou [o pedaço de carne] e enfiou-o na boca antes que eu pudesse falar nada," contou o Dr. Post.
Segundo o jornalista, a carne artificial parecia uma goma de mascar e não tinha sabor.
Ou seja, ele confirmou o ditado que diz que o apressado come cru... e sem tempero.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

A GenÉtica precisa ter a ética em seu centro


A GenÉtica precisa ter a ética em seu centro, diz cientista
O livro GenÉtica: Escolhas que nossos avós não faziam discute os que os cientistas poderiam e não poderiam fazer com as pesquisas genéticas.[Imagem: Divulgação]


Com informações da Agência Fapesp
Valores da sociedade
As informações geradas pelos avanços da genética podem abalar alguns dos valores mais importantes da sociedade.
Com isso, torna-se necessária a reflexão sobre dilemas e questionamentos éticos criados pelos avanços na área, como a possibilidade de análise do genoma humano a um custo cada vez mais acessível.
O alerta é da geneticista Mayana Zatz, da Universidade de São Paulo (USP).
Mayana levanta o tema em seu livro recém-lançado: GenÉtica: Escolhas que nossos avós não faziam.
O título do livro foi caprichosamente grafado, para mostrar que a genética deve ter a ética em seu centro.
Ética da genética
"Acredito que as questões éticas que descrevo no livro serão cada vez mais relevantes para toda a população", disse Mayana.
O livro, cuja ideia surgiu de um bate-papo entre ela e o médico Drauzio Varella, reúne alguns dos conflitos vivenciados pela cientista e que levantam percalços legais e éticos decorrentes da genética.
"Cada vez mais é possível descobrir algo com o DNA. E o que é feito a partir dessa informação pode, ou não, ser benéfico. Há um vazio legal em diversas questões da genética, cuja discussão é importante", ressaltou.
GenÉtica é voltado tanto para especialistas que atuam nas áreas de genética e bioética como ao público geral.
Terra sem lei
Cada capítulo descreve uma nova situação, que tem por objetivo levar o leitor a refletir sobre o uso da informação genética e seus limites.
Ao todo, são 13 capítulos que abordam temas com questões conceituais que dificultam a aplicação de normas, como os princípios da privacidade e da confidencialidade, a escolha seletiva de embriões, a clonagem humana e os testes de DNA.
"As pessoas têm a impressão de que, para estudar o DNA, é preciso coletar o sangue. Mas deixamos nosso DNA por todo lado, como, por exemplo, no copo e nos talheres que usamos. A questão é: a quem pertence esse DNA?", disse Zatz.
Direitos negligenciados
No livro, a cientista cita como exemplo o caso do menino conhecido como Pedrinho, sequestrado em Brasília na maternidade. Na mesma época em que o caso veio à tona, suspeitou-se que Roberta, sua suposta irmã, também pudesse ter sido sequestrada por Vilma, mãe adotiva do menino.
"Porém, ao prestar depoimento na polícia, Roberta - que não queria saber se Vilma era ou não sua mãe verdadeira - descartou restos de cigarro. A partir da análise daquele material foi possível fazer o exame de DNA e confirmar que ela também não era a filha biológica de Vilma."
"E o direito dela de não querer saber? Vários juristas dizem que isso é perfeitamente legal, que aquele DNA não lhe pertencia mais", ressaltou Zatz.
Debate ético
A geneticista também chama a atenção para o debate ético sobre a identificação precoce de genes que aumentam a predisposição para doenças - entre as quais certos tipos de câncer, hipertensão e males cardíacos - e os impactos da seleção do sexo em larga escala, como na China e na Índia, onde a proporção de homens é maior que a de mulheres.
"Hoje discutimos sobre isso. Mas, em um futuro próximo, os casais poderão escolher uma criança com olhos de determinada cor, habilidades para esportes ou mais inteligente", disse.
A obra conta também com uma seção bibliográfica, para quem desejar se aprofundar nos temas abordados, e outra com explicações sobre os termos técnicos citados nos textos.
"O livro é para as pessoas notarem o que está acontecendo. Essa provocação é importante para mostrar a realidade, pois o que se fala na teoria é muito bonito, mas na prática a teoria é outra", afirmou.

Biólogos criam os primeiros cromossomos sintéticos

15/09/2011 - 09h16
REINALDO JOSÉ LOPES
EDITOR DE CIÊNCIA E SAÚDE



A era dos seres vivos sob medida ficou um pouco mais próxima hoje, com o anúncio de que cientistas nos EUA criaram os primeiros cromossomos ("novelos" microscópicos que abrigam o DNA) parcialmente sintéticos.
O feito dá mais peso aos planos de usar micro-organismos especialmente projetados para produzir biocombustível abundante e barato, fabricar plástico sem usar o petróleo como matéria-prima ou criar micróbios devoradores de poluição, entre outras possibilidades que ainda soam como ficção científica.


A viabilidade dessas ideias mirabolantes cresce graças à nova pesquisa porque o micróbio sintético é o fungo Saccharomyces cerevisiae, um velho conhecido da humanidade, usado como fermento biológico para pães ou para produzir vinho e cerveja. Leveduras parecidas com ele também são cruciais para a indústria do etanol, fermentando o caldo da cana. Mas mesmo os fungos mais adaptados ao uso industrial ainda deixam a desejar.
São "selvagens engarrafados", afirma Gonçalo Guimarães Pereira, que estuda organismos sintéticos na Unicamp. Segundo ele, é comum que, em plena safra de cana, as leveduras parem de realizar sua função quando estão sob estresse ou contaminadas. Com isso, a produtividade da usina acaba caindo.
Fabricar cromossomos inteiros desses organismos, a gosto do freguês, acabaria com essa "greve" das leveduras, aumentando muito a produtividade das usinas de etanol. E isso é só o começo.
Arte
Outros micróbios são capazes de produzir substâncias similares ao plástico ou de fabricar moléculas com potencial farmacêutico. Mas fazem isso em pequenas quantidades, porque seu organismo tem outras necessidades, ditadas pelo ambiente.
Um cromossomo artificial com os genes responsáveis por essas características vantajosas, inserido numa levedura industrial, poderia revolucionar a produção de matérias-primas.
Essa é a meta dos criadores dos cromossomos sintéticos, cuja existência foi revelada na edição eletrônica da revista científica "Nature".
Jef Boeke e seus colegas da Universidade Johns Hopkins querem criar uma levedura 2.0, com genoma totalmente sintético. Ainda estão longe de fazer isso: criaram artificialmente apenas pedaços de dois dos 16 cromossomos que o micro-organismo possui.
Eles também embutiram nos micróbios um sistema controlado de mutações, capaz de gerar novas variedades das criaturas apenas quando os cientistas fornecem um hormônio a elas.

Fonte: Folha.com - Ciência

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Especialista alerta para "ameaça dos algoritmos"

BBC - 23/08/2011
Serviços inteligentes
Um especialista em algoritmos alertou para as consequências da influência cada vez maior dos sistemas de códigos operacionais em diversos aspectos da vida das pessoas.
Em uma palestra durante a conferência TED no mês de julho, na Escócia, o americano Kevin Slavin disse que "a matemática que oscomputadores usam para decidir as coisas" está se infiltrando em diferentes áreas as nossas vidas.
Slavin disse que os "serviços inteligentes" oferecidos por lojas de internet - que calculam livros e filmes nos quais o cliente pode estar interessado -, por sites como o Facebook e pelos mecanismos de busca como o Google comprovam que operações computacionais complexas e invisíveis controlam cada vez mais a relação das pessoas com o mundo eletrônico.
Como exemplos, ele citou um "robô-faxineiro" que mapeia a melhor maneira de realizar os afazeres domésticos e os algoritmos que estão gradualmente controlando os negócios em Wall Street e o mercado financeiro.
"Estamos escrevendo coisas que não podemos mais ler", alertou o especialista. "Nós criamos algo ilegível e perdemos a noção do que realmente está acontecendo no mundo que criamos", disse ele.
Livro milionário
De acordo com Slavin, o caso recente de erro nos algoritmos usados pela livrariaonline Amazon é um dos principais exemplos do caos que pode ser instalado quando um código se torna inteligente o suficiente para operar sem a intervenção humana.
No início do ano, o algoritmo que regula os preços da loja de livros pareceu entrar em guerra consigo mesmo.
Os valores dos produtos começaram a aumentar em competição uns com os outros e um dos livros, The Making of a Fly (A construção de uma mosca, em tradução livre) - um livro sobre a biologia molecular de uma mosca - chegou a custar US$ 23,6 milhões (R$ 37,7 milhões).
Slavin afirma que, na medida que os códigos matemáticos se tornam mais sofisticados, eles se infiltram até mesmo em nossas preferências e decidem que produtos culturais estarão disponíveis para nós.
Decidindo as vidas virtuais
A empresa britânica Epagogix está levando este conceito a sua conclusão lógica e usando algoritmos para prever o que faz com que um filme seja um sucesso de bilheteria.
O sistema usa uma série de medidas - o roteiro, a trama, os atores, as locações - e os cruza com as bilheterias de outros filmes similares para prever quanto dinheiro o novo produto irá ganhar.
De acordo com o diretor-executivo da empresa, Nick Meaney, o código "ajudou estúdios a tomarem decisões sobre fazer ou não fazer um filme".
No caso de um dos projetos - para o qual foi estipulado um custo de produção de 180 milhões de libras (R$ 473 bilhões) - o algoritmo estimou que o filme ganharia somente cerca de 30 milhões de libras nas bilheterias, o que significava que não valia a pena fazê-lo.
No entanto, Meaney diz que o papel dos algoritmos na indústria cinematográfica não é tão grande.
"Filmes são feitos por diversas razões e dizer que nós ditamos que filmes são feitos nos dá mais influência do que temos", disse.
Negócios automáticos
De acordo com Kevin Slavin, até 70% das transações de Wall Street hoje são conduzidas por algoritmos, no que é chamado de "caixa-preta" ou "algo-negócio".
Isso significa que, além de negociantes especializados, banqueiros e corretores agora empregam também milhares de matemáticos e físicos.
Mas Slavin diz que, mesmo com o auxílio de técnicos e especialistas, um algoritmo fora de controle foi o responsável pela chamada "quebra-relâmpago" do dia 6 de maio de 2010, em que uma queda de cinco minutos nas bolsas de valores causou um caos momentâneo.
Um negociador que agiu de má-fé foi considerado o culpado pela queda de 10% no índice Dow Jones mas, na realidade, a culpa era do programa de computador que ele estava usando.
O algoritmo vendeu 75 mil ações com um valor de 2,6 bilhões de libras em somente 20 minutos, fazendo com que outros sistemas de negociação rápida fizessem o mesmo.
A partir deste episódio, os reguladores foram forçados a introduzir mecanismos que interrompem as negociações se as máquinas começarem a se comportar de modo incorreto.
Para Slavin, na medida que os algoritmos expandem sua influência para além das máquinas, é chegada a hora de saber exatamente o que eles sabem e se ainda há tempo de domá-los.
Fonte: http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=ameaca-dos-algoritmos&id=010150110823&ebol=sim

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Cientista quer criar vida inorgânica

Cientista quer criar vida inorgânica

Redação do Site Inovação Tecnológica - 13/09/2011

Cientista quer criar vida inorgânica
A primeira célula inorgânica é um aglomerado de compostos
no qual é possível observar a cristalização de um
fino túbulo em direção ao exterior, lembrando o
brotar de uma raiz. [Imagem: Cronin Group]




Vida inorgânica
Um químico da Universidade de Glasgow, na Escócia, acredita ter dado os primeiros passos para criar uma espécie de "vida" usando componentes inorgânicos.
A química orgânica é definida como a química que lida com o elemento carbono, componente essencial da vida na Terra.
Em biologia, o termo orgânico é usualmente relacionado àquilo que é vivo, essencialmente carbono na forma de aminoácidos, nucleotídeos, açúcares etc. - assim, o mundo inorgânico é considerado como o mundo não-vivo, ou inanimado.
Mas, como Lee Cronin é químico, para ele "vida inorgânica" é uma forma de vida que não se baseia na química do carbono.
"O que nós estamos tentando fazer é criar células inorgânicas capazes de evoluir que poderão essencialmente ser consideradas vivas. Poderíamos chamar isso de biologia inorgânica", sugere ele.
Cientista quer criar vida inorgânica
Processo de sintetização da célula
inorgânica: abaixo, um pequeno túbulo
 cristalino que se projeta a partir da
 célula. [Imagem: Cronin Group]
"Vida é matéria em evolução"
Para Cronin, a questão começa com "Qual é a menor unidade de matéria que pode passar por uma evolução darwiniana?", mas também envolve questões mais filosóficas, como "O que é vida?"
Ele resolve a questão que tem desafiado filósofos há séculos, sugerindo que "vida é matéria capaz de evoluir".
Tudo o que é necessário fazer então para criar o nosso próprio "design inteligente" é construir unidades de matéria inorgânica com moléculas "capazes de se interessar por coisas e buscar essas coisas".
Na prática, Cronin afirma ter encontrado uma forma de criar "células químicas inorgânicas", que ele chama de iChells - uma junção de inorganic-chemical-cells).
Células inorgânicas
As primeiras células inorgânicas são pequenos aglomerados mantidos coesos por membranas internas que controlam a passagem de materiais e energia através deles.
A primeira delas é um pequeno aglomerado de compostos no qual é possível observar a cristalização de um fino túbulo em direção ao exterior, lembrando o brotar de uma raiz.
Com isto, vários processos químicos podem ser isolados dentro da mesma célula inorgânica, imitando o que ocorre em uma célula biológica.
Segundo Cronin, essas células podem acumular coisas interessantes, como eletricidade, o que as tornaria úteis para aplicações em medicina - como sensores, ou como carreadores de medicamentos e outros compostos químicos - mas também como minúsculos reatores capazes de executar reações químicas de interesse da indústria.
Cientista quer criar vida inorgânica
O pesquisador espera construir "blocos básicos de vida inorgânica",
que possam ser montados para criar uma "tecnologia inorgânica
viva". [Imagem: Cronin Group]
Tecnologia inorgânica viva
Agora falta torná-las compatíveis com a definição de vida do pesquisador, ou seja, fazê-las evoluir, o que exigirá uma etapa de autorreplicação - uma reprodução de células inorgânicas.
"O grande objetivo é construir células químicas complexas, com propriedades similares às da vida, que possam nos ajudar a entender como a vida emergiu, e também usar essa nova abordagem para criar novas tecnologias baseadas na evolução do mundo material, uma espécie de 'tecnologia inorgânica viva'," afirma Cronin.
"Se tivermos sucesso, isto nos dará ideias incríveis sobre a evolução e mostrará que ela não é apenas um processo biológico. E significará também que nós teremos provado que a vida não baseada em carbono pode existir. E irá redefinir totalmente nossas ideias sobre o design [inteligente]," afirmou ele em uma palestra para uma atenta audiência.
"Bactérias são essencialmente microorganismos unicelulares feitos de compostos químicos orgânicos. Ora, por que nós não podemos fazer microorganismos de compostos químicos inorgânicos e permitir que eles evoluam?" conclui ele.
Bibliografia:

Modular Redox-Active Inorganic Chemical Cells: iCHELLs
Geoffrey J. T. Cooper, Philip J. Kitson, Ross Winter, Dr. Michele Zagnoni, Dr. De-Liang Long, Leroy Cronin
Angewandte Chemie
8 SEP 2011
Vol.: Article first published online
DOI: 10.1002/ange.201105068

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Bioeletrônica: nanotransístor é conectado a molécula de DNA

Redação do Site Inovação Tecnológica - 15/02/2011

Eletrônica e biologia
Unir eletrônica e biologia é, talvez mais do que um sonho antigo, uma possibilidade promissora.
Dos sensores neurais e da construção de próteses controladas pelo pensamento, até os sonhos mirabolantes dos radicais transumanistas, há muito se fala em humanos melhorados pela tecnologia.
E bastou que os transistores atingissem um nível de miniaturização adequado, com dimensões comparáveis ao de algumas células, para que os cientistas começassem a fazer a conexão direta entre o biológico e o eletrônico, com um nível de controle apenas imaginado - mas que não havia sido realizado até agora.

O componente eletrônico não apenas detectou diretamente a ligação,
 como também amplificou a carga das biomoléculas individuais.
[Imagem: Columbia University]
 
Transístor detecta DNA
Um grupo interdisciplinar da Universidade de Colúmbia, nos Estados Unidos, usou nanotransistores eletrônicos comuns - similares aos usados nos processadores de computador - para detectar diretamente as interações entre moléculas, que ocorrem em velocidades tão altas que é virtualmente impossível acompanhá-las diretamente.
Os nanotransistores foram usados para detectar as ligações entre as duas metades de cada espiral de DNA a uma outra molécula de DNA, presa ao nanotransístor.
O componente eletrônico não apenas detectou diretamente a ligação, como também amplificou a carga das biomoléculas individuais.
Até agora, para observar as interações ao nível das moléculas individuais os cientistas têm utilizado técnicas de fluorescência - é assim que têm sido feitos os estudos de dobramento, montagem, dinâmica e função das proteínas, por exemplo.
Mas estas técnicas exigem que as moléculas-alvo sejam rotuladas com corantes fluorescentes, e as larguras de banda para a detecção das informações são limitadas pelo tempo necessário para recolher o pequeno número de fótons emitidos pelos corantes.
Transístor de nanotubo
Os nanotransistores usados foram feitos com nanotubos de carbono.
Embora ainda sejam emergentes no campo das aplicações eletrônicas, esses nanotubos são extremamente sensíveis porque a biomolécula pode ser ancorada diretamente a eles - a ligação de uma única molécula de DNA é detectada pela leitura na corrente que trafega entre os eletrodos do transístor.
Os cientistas afirmam que a nova técnica permitirá o estudo das interações entre moléculas biológicas em escalas de tempo várias ordens de grandeza menores do que é possível com as técnicas baseadas na fluorescência.


Bibliografia:

Label-free single-molecule detection of DNA-hybridization kinetics with a carbon nanotube field-effect transistor
Sebastian Sorgenfrei, Chien-yang Chiu, Ruben L. Gonzalez, Young-Jun Yu, Philip Kim, Colin Nuckolls, Kenneth L. Shepard
Nature Nanotechnology
January 23 2010
Vol.: Published online
DOI: 10.1038/nnano.2010.275